Retrato Falado - (Profana)

 




Pelas ruas em lusco-fuscos
entre arandelas queimadas ou mal iluminadas,
de cigarro na boca
com batom descorado
ancorada em salto alto
corroída pelo desejo
mal falada na vida
com o corpo sempre em brasa...

Queimando em languidez,
jovem escancarando a roupa
mal amada, bem conceituada
esguia, bem tratada
mal resolvida
casada e calada...

Só pose de senhora bem comportada
frágil, bela, mas covarde
rindo, pensando ser feliz
rumando ao dissabor
desenfreada
escondendo loucuras,
que por um certo homem cometeu,
tendo até atestado de burrice...

Profana e profanada,
na caricata
passa do pecado de ter amado
vestida com esmero
perfumada,
ainda hoje esbanja emoções
da opção profana
na noite, lua crescente, marcas indeléveis
no dia, sol a pino, olhos fechados
na tarde, leve brisa, banho de jasmim
na alma desperta
o frescor de mulher-menina.

 

Geraldine Martha O Arata


 

Voltar

 

Página Principal